Inovação na Indústria: com Cristian Drewes da Ingersoll Rand

Cristian Drewes explora a inovação na indústria, discutindo sustentabilidade, conectividade e o acompanhamento do ciclo de vida do produto.

Neste episódio do podcast “A Hora da Inovação”, Fabrício Laguna conversou com Cristian Drewes, gerente geral para América Latina do grupo Ingersoll Rand, divisão de bombas industriais. Com uma carreira marcada por experiências em grandes empresas multinacionais e uma sólida formação em engenharia e administração, Drewes trouxe à tona a importância da inovação contínua na indústria, explorando como ela se manifesta tanto no desenvolvimento de produtos quanto na otimização de processos internos.

Inovação: Um Imperativo Contínuo

A conversa inicia com uma analogia: “Inovar é como pedalar uma bicicleta; se você parar, quem está pedalando vai te ultrapassar”. Para Drewes, a inovação é essencial para a sobrevivência no mercado industrial, onde a competitividade é acirrada e a obsolescência pode ser rápida. Ele enfatiza que a inovação deve ocorrer diariamente.

Na Ingersoll Rand, a inovação não é apenas uma meta, mas uma prática diária. A empresa busca constantemente novas maneiras de se diferenciar no mercado, seja através de produtos tecnologicamente avançados ou pela otimização dos processos internos que sustentam a operação. Drewes destaca que, em um setor onde a tecnologia avança rapidamente e a concorrência é global, a inovação precisa ser ágil e contínua.

Exemplos Práticos de Inovação

Um exemplo significativo de inovação discutido por Drewes é a adoção de QR codes em bombas industriais. Embora os QR codes já sejam amplamente utilizados em diversos setores, sua aplicação na indústria de bombas representa uma inovação substancial. Esses códigos permitem a geolocalização precisa dos produtos e fornecem acesso a manuais de instrução atualizados diretamente no local de uso.

Drewes explica que a introdução dos QR codes permitiu à empresa não apenas melhorar a experiência do cliente, mas também aumentar a eficiência operacional. “Ao implementar QR codes, conseguimos rastrear onde nossos produtos estão sendo usados e entender melhor as necessidades dos clientes, o que nos permite oferecer suporte e soluções de maneira mais proativa”, comenta.

Outro exemplo de inovação é a bomba de diafragma com motor elétrico e conectividade IoT (Internet das Coisas). Desenvolvida ao longo de três a quatro anos, essa bomba é energeticamente eficiente e permite que os operadores monitorem e controlem sua operação remotamente. Esse avanço não só alinha a empresa com as tendências de sustentabilidade, mas também responde à crescente demanda por produtos que ofereçam maior controle e eficiência energética.

“Hoje, o mercado industrial exige não apenas produtos de alta qualidade, mas também soluções que possam ser monitoradas e ajustadas remotamente. A conectividade IoT é um passo essencial para atender a essas necessidades”, afirma Drewes.

Desafios da Inovação: Cultura e Recursos

Cristian Drewes também aborda os desafios inerentes à inovação, destacando dois pontos críticos: a resistência cultural e a disponibilidade de recursos. Ele observa que, em muitas empresas, a resistência à mudança pode ser um obstáculo significativo. Funcionários acostumados a métodos antigos podem hesitar em adotar novas tecnologias ou processos, o que pode retardar a implementação de inovações importantes.

Além disso, ele menciona as diferenças culturais entre corporações europeias e americanas na abordagem à inovação. Enquanto as empresas europeias tendem a investir em inovações a longo prazo, as americanas muitas vezes priorizam resultados imediatos, o que pode limitar o desenvolvimento de projetos mais ambiciosos. “O equilíbrio entre a visão de longo prazo e as necessidades de curto prazo é crucial para o sucesso da inovação”, explica Drewes.

Sustentabilidade e Conectividade: O Futuro da Inovação

Drewes aponta a sustentabilidade e a conectividade como os principais direcionadores das inovações futuras na Ingersoll Rand. A empresa está comprometida em desenvolver produtos que sejam não apenas eficientes em termos energéticos, mas também que utilizem menos recursos naturais em sua produção. “Estamos focados em criar soluções que sejam sustentáveis do início ao fim de sua vida útil, contribuindo para um futuro mais verde”, comenta.

A conectividade, por sua vez, se manifesta na integração de sensores e dispositivos IoT nas bombas, permitindo que os clientes monitorem as operações em tempo real. Isso não apenas melhora a eficiência operacional, mas também oferece maior segurança e controle sobre os processos industriais. Drewes explica que essa tendência faz parte da chamada Indústria 4.0, que visa integrar tecnologias digitais em todos os aspectos da manufatura e operação industrial.

Acompanhamento do Ciclo de Vida do Produto

Um dos aspectos mais inovadores discutidos por Drewes é o acompanhamento do ciclo de vida do produto. Tradicionalmente, muitas empresas vendiam seus produtos e não mantinham um relacionamento contínuo com os clientes após a venda. Contudo, a Ingersoll Rand adotou uma abordagem diferente, buscando acompanhar seus produtos ao longo de todo o ciclo de vida, desde a instalação até o descarte.

Drewes explica que essa abordagem não apenas garante que os clientes obtenham o máximo de valor de seus produtos, mas também abre novas oportunidades de receita para a empresa. “Estamos mudando nossa estratégia para participar mais ativamente da vida útil de nossos produtos, oferecendo pacotes de serviços que incluem manutenção regular, atualizações e até mesmo a substituição de peças. Isso nos permite garantir que nossos clientes estejam sempre operando com a máxima eficiência”, afirma.

Esse acompanhamento também facilita a identificação de problemas recorrentes e a coleta de dados que podem ser usados para melhorar produtos futuros. Além disso, a Ingersoll Rand está começando a considerar o impacto do descarte de seus produtos no meio ambiente, buscando soluções para reduzir os resíduos e promover a reciclagem de materiais.

Conclusão: Inovar é Agir

Para Drewes, a inovação é um processo que exige não apenas criatividade, mas também ação. Ele destaca a importância de não deixar as ideias apenas no papel, mas de implementá-las, testá-las e ajustá-las conforme necessário. “Inovação sem ação é apenas um conceito. É crucial que as ideias sejam transformadas em realidade, mesmo que em etapas pequenas, para que possamos aprender e evoluir”, conclui.

Drewes encoraja outros executivos e profissionais da indústria a adotar uma postura aberta à inovação, promovendo um ambiente onde novas ideias possam surgir e ser testadas. Ele acredita que a chave para o sucesso na inovação é combinar uma visão clara do que o mercado necessita com a disciplina para implementar e ajustar as inovações de forma contínua.

A hora da inovação com Cristian Drewes

A hora da inovação com Cristian Drewes

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Referências