Na madrugada do dia 15 de novembro de 2018 um viaduto da pista expressa da Marginal Pinheiros, perto do Parque Villa-Lobos e da Ponte do Jaguaré cedeu quase 2 metros aumentando ainda mais o caos que é o trânsito na cidade de São Paulo .
A restauração está sendo complicada porque os técnicos da Prefeitura não conseguem achar a documentação do projeto de construção. Para saber como a ponte foi construída, foi aberta uma “janela” de 70x70cm na sua estrutura, mas este tipo de “retroanálise” ou “engenharia reversa” para entendimento da estrutura é limitado e consome tempo.
Na busca desesperada por informações a prefeitura recorre a acervos de várias secretarias estaduais, à memória de pessoas que trabalharam na obra da construção do viaduto (que aconteceu na década de 1970) e até a viúva do engenheiro responsável já foi contactada.
É triste constatar, mas a falta de documentação de projetos, como este do viaduto de São Paulo, não é uma exceção. Projetos sem a devida documentação são frequentes. E me arrisco a dizer que a coisa piorou muito na última década. Com a exigência cada vez maior por prazos curtos e respostas rápidas a mudanças, empresas que estão adotando práticas enxutas (lean) ou ágeis buscam continuamente reduzir a burocracia de seus processos e eliminar documentação que não agregue valor. Mas sem uma preocupação de longo prazo, podem jogar fora o “bebê junto com a água do banho”. Há vários documentos que podem mesmo não ter tanto valor durante a construção de uma “coisa” e devem ser facilmente substituídos por uma boa comunicação informal entre os membros da equipe. Mas antes do projeto finalizado, este conhecimento tácito precisa ser explicitado em uma base de conhecimentos que suportará futuras manutenções ou melhorias dessa “coisa”. Seja ela uma ponte, um edifício, um software ou um processo de negócio.
Pense que conhecimento de negócio é um ativo valioso que precisa ser gerenciado adequadamente para permitir a agilidade e a sustentabilidade do negócio.