Vivemos em tempos de mudanças rápidas, incertezas crescentes e tecnologias disruptivas. Segundo o World Economic Forum, o mercado de trabalho global está sendo remodelado. Ainda nesta década, 92 milhões de empregos serão substituídos e 170 milhões de novos empregos serão criados. Em meio a esse cenário, muitas organizações se perdem em entregas mal direcionadas, decisões precipitadas e iniciativas que não geram o valor esperado.

Muitas empresas estão investindo em IA, mas não estão sabendo como fazê-lo. Estudos do RAND Corporation apontam que mais de 80% dos projetos de IA falham, principalmente devido à desconexão entre a liderança e os times técnicos. Assim como em outros modismos tecnológicos, como BigData e Blockchain, muitos investimentos têm falta de clareza de objetivos e pouco alinhamento entre investimento e as reais necessidades de negócio.
Mas há um antídoto para essa realidade: práticas estruturadas, colaborativas e orientadas a outcomes. Em outras palavras, Análise de Negócios.
Análise está em todo lugar
Vejo muitos profissionais com crise de identidade quando olham as tarefas que lhes são atribuídas e dizem: “eu faço muito mais do que isso. Se fizer só isso, o negócio não para de pé”. Eu faço o que precisa ser feito. Antes da ação, existe a análise.
Você pode não carregar o título formal de “analista de negócios”, mas se já ajudou sua empresa a tomar uma decisão melhor, se mapeou um processo, entendeu uma necessidade ou estruturou uma solução para gerar mais valor, você já praticou análise de negócios.
O desafio é que muitos não reconhecem isso. Existe uma demanda crescente por habilidades analíticas — mas pouca clareza sobre o papel do analista de negócios. Segundo o IIBA Global State of Business Analysis Report 2024, 62% dos profissionais que exercem funções típicas de análise de negócios não possuem o cargo formal de “Business Analyst”. A confusão entre cargo e papel enfraquece nossa a identidade coletiva como analistas de negócios.

Entenda mais sobre essa diferença entre Professional Business Analyst vs. Business Analysis Professional
Profissionais de Análise de Negócios: a identidade que precisamos assumir
O mundo precisa de mais pessoas que pensem com clareza, que ajam com propósito e que orientem suas decisões por outcomes e não apenas por outputs. Esse é o papel central da análise de negócios. E ele não pode ser restrito a um departamento ou a uma função organizacional. É necessário em toda parte.
Precisamos que os administradores façam análise de negócios. Advogados, operadores logísticos, enfermeiros, analistas de recursos humanos, secretários, executivos… todos que tem um pensamento orientado a outcomes deveriam se identificar como profissionais de análise de negócios.

Se você trabalha para entender o problema antes de propor a solução, se ajuda a traduzir necessidades em requisitos, se promove o alinhamento entre estratégia e operação — parabéns. Você é um profissional de análise de negócios.
A falsa ameaça da IA e a verdadeira oportunidade
Muito se fala sobre o risco da inteligência artificial nos substituir. Mas a verdade é que a IA precisa de direção. Ela precisa de bons problemas para resolver. Precisa de clareza de propósito. Precisa de pessoas capazes de traduzir objetivos de negócio em linguagem natural. Precisa de análise de negócios.
Um relatório da Gartner afirma que até 2026, mais de 80% das empresas usarão ou desenvolverão modelos ou APIs de Inteligência Artificial Generativa, ou implementarão aplicações habilitadas por essa tecnologia em produção. E os investimentos para aplicar o uso da IA nos negócios precisam ser orientados por requisitos bem definidos e claros.
Além disso, como vimos, a automação não necessariamente elimina empregos — ela os transforma. Os 170 milhões de novos empregos previstos pelo World Economic Forum vão exigir justamente as habilidades desenvolvidas e aplicadas por profissionais de análise de negócios: pensamento crítico, empatia, colaboração e visão holística.
O mindset orientado a outcomes e a capacidade de criar a colaboração entre múltiplos stakeholders são mais relevantes do que nunca. Se soubermos mostrar isso ao mundo, seremos os profissionais mais valorizados da nova era.
De analista para a líder da transformação
É hora de abandonar a falsa crença de que o analista de negócios será substituído por uma IA. O que está sendo substituída é a visão limitada de que a análise de negócios é apenas um cargo. O que está emergindo é um novo entendimento: todos podem — e devem — praticar análise de negócios.
Seja qual for seu cargo, sua área ou sua formação, adotar práticas de análise de negócios vai te tornar mais relevante, mais estratégico e mais útil ao seu time e à sua organização. E se você já é um analista de negócios profissional, ou seja, se você tem o job, assuma uma posição de liderança e seja o agente transformador: difunda as práticas de análise, compartilhe seu conhecimento e ajude outros a se verem nesse papel.
Ao fazer isso, você não só amplia o alcance e o impacto da análise de negócios, como também fortalece sua posição como referência estratégica dentro da organização. Em vez de ser um gargalo, você se torna um facilitador e mentor, criando uma rede de profissionais mais capacitada, influente e alinhada com os objetivos do negócio — e, assim, abre novas possibilidades de crescimento para sua própria carreira.
Faça a diferença, promova análise de negócios
Vamos juntos construir essa nova identidade. Vamos fazer com que mais pessoas se reconheçam como profissionais de análise de negócios. Vamos ampliar nossa área de influência, fortalecer nossa profissão e transformar as organizações em que atuamos.
O mundo precisa de análise de negócios. E essa transformação começa com você.
Referências
- World Economic Forum: Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025: Os empregos do futuro – e as competências necessárias para os obter.
- RAND – The Root Causes of Failure for Artificial Intelligence Projects and How They Can Succeed.
- IIBA – Business Analysis Report 2024.
- Gartner: Top Emerging Tech Impact Radar 2024.
