Tenho me esforçado consistentemente para aprimorar meu inglês em apresentações, congressos, reuniões e aulas, mas mesmo dedicando-me intensamente, meu sotaque brasileiro persiste. Nasci e cresci no Brasil, e o português é minha língua materna. Quem me ouve falar inglês percebe imediatamente que venho de outra origem. Similarmente, a análise de negócios carrega consigo suas raízes distintas.
A origem da análise de negócios
Originária do ambiente de Tecnologia da Informação (TI), mais precisamente do desenvolvimento de software, a análise de negócios evoluiu a partir do desafio enfrentado pelos especialistas em software: criar algo de qualidade, seguindo um processo estruturado. Dessa necessidade surgiu a engenharia de software, que incorporou princípios da engenharia tradicional ao universo do software.
À medida que o tempo avançou, percebeu-se que compreender as reais necessidades dos usuários era um dos pontos mais complexos do desenvolvimento de software. A engenharia de requisitos emergiu como uma especialização, abordando essas necessidades de maneira mais estruturada, elicitando, analisando, documentando e gerenciando requisitos.
Embora essas disciplinas tenham impulsionado significativamente o desenvolvimento de software, em determinado momento, ficou claro que o desenvolvimento de software carecia de uma definição mais clara do que o negócio esperava como resultado. Desenvolver software é apenas uma parte de algo mais complexo: o desenvolvimento de um negócio. Dessa mudança de foco da tecnologia para o negócio surgiu a análise de negócios.
Mistura de sotaques na análise de negócios
Além das técnicas e conceitos provenientes da engenharia de software e de requisitos, a análise de negócios incorporou conhecimentos de diversas áreas, como reengenharia de processos, administração, finanças e marketing. No entanto, o sotaque da TI ainda ressoa forte na linguagem que usamos para apresentar a análise de negócios.
Esse sotaque de TI pode, em algumas situações, dificultar a compreensão da análise de negócios para profissionais de outras áreas, limitando sua aplicação ao domínio da engenharia de software de onde se originou. Isso deve ser evitado.
Cuidados para quem fala com sotaque
No meu caso, não tenho vergonha de ser brasileiro e entendo que meu sotaque faz parte das minhas características que formam a minha personalidade. Por isso me apresento internacionalmente como The Brazilian BA. Mas sempre tomo cuidado para falar de uma maneira que possa ser entendida por qualquer pessoa, evitando que o meu sotaque seja uma barreira para a comunicação.
Da mesma forma, devemos nos preocupar em apresentar a análise de negócios de uma maneira que seja compreendida por qualquer pessoa, evitando que o sotaque da TI se torne uma barreira para a comunicação.
Comunicação para um público alvo mais amplo
Felizmente, a análise de negócios é muito mais plural e diversa do que eu, podendo contar com contribuições de autores, palestrantes e entusiastas de várias origens. A contribuição coletiva no desenvolvimento dessa disciplina a tornará mais ampla e abrangente, cumprindo sua missão original de proporcionar melhores resultados de negócios para as organizações.
Como disciplina, a análise de negócios ainda é muito jovem. O Instituto Internacional de Análise de Negócios (IIBA) acaba de completar 20 anos. Nossa linguagem pode ser ajustada para acolher mais profissionais, permitindo que se beneficiem das práticas que utilizamos. Vamos unir forças para construir uma análise de negócios mais diversa e global, capaz de transcender fronteiras e transformar positivamente as organizações.